sexta-feira, 28 de março de 2008

* A Rosa do Povo ** Carlos Drummond de Andrade *

Cinquenta e cinco poemas compõem a obra, que foi criada entre os anos de 1943 e 1945. É o mais longo de seus livros de poemas. (E o próprio título do poema tem uma simbologia: uma rosa nasce para o povo, será a poesia para o coletivo? Para tentar saber, precisamos ler o poema "A flor e a náusea").


Dentre esse inúmeros poemas, os mais importantes são:

*Carta a Stalingrado
*Consideração do poema
*Procura da poesia
*Nova canção do exílio
*América
*Mário de Andrade desce aos infernos
*O Medo
*Áporo
*Anúncio da Rosa
*Resíduo
*O Elefante
*Canto ao Homem do Povo - Charles Chaplin
*Morte do Leiteiro


*A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,

Vou de branco pela rua cinzenta.

Melancolias, mercadorias espreitam-me.

Devo seguir até o enjôo?

Posso, sem armas, revoltar-me'?


Olhos sujos no relógio da torre:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobrefundem-se no mesmo impasse.


Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.

As coisas.

Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.


Vomitar esse tédio sobre a cidade.

Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado.

Nenhuma carta escrita nem recebida.

Todos os homens voltam para casa.

Estão menos livres mas levam jornaise soletram o mundo, sabendo que o perdem.


Crimes da terra, como perdoá-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi.

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que ajudam a viver.

Ração diária de erro, distribuída em casa.

Os ferozes padeiros do mal.

Os ferozes leiteiros do mal.


Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.

Porém meu ódio é o melhor de mim.

Com ele me salvoe dou a poucos uma esperança mínima.


Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotadailude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,garanto que uma flor nasceu.


Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia.

Mas é realmente uma flor.


Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia.

Mas é uma flor.

Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

quinta-feira, 27 de março de 2008

~s2 Romantismo s2~


É a busca pelos sentimentos e pela liberdade que entram e que acabam entrando em choque com a realidade humana e muitas vezes gera a insatisfação, a depressão e a melancolia em relação ao mundo incompreendido.

A conseqüência quase sempre é a fuga, essa busca recai sobre a infância, período de pureza, estabilidade e segurança na vida. A criança passa a ser modelo de perfeição, de estado de espírito, de exemplo para a renovação da alma e da sociedade.

Características:

* a valorização dos sentimentos e da imaginação;

* o nacionalismo;

* a valorização da natureza como princípios da criação artística;

* os sentimentos do presente tais como: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.





Para viver um grande amor



"Eu não ando só

Só ando em boa companhia

Com meu violão

Minha canção e a poesia



"Para viver um grande amor, preciso

É muita concentração e muito siso

Muita seriedade e pouco riso

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, mister

É ser um homem de uma só mulher

Pois ser de muitas - poxa! - é pra quem quer

Nem tem nenhum valor

Para viver um grande amor, primeiro

É preciso sagrar-se cavalheiro

E ser de sua dama por inteiro

Seja lá como forHá que fazer do corpo uma morada

Onde clausure-se a mulher amada

E postar-se de fora com uma espada

Para viver um grande amor



Para viver um grande amor direito

Não basta apenas ser um bom sujeito

É preciso também ter muito peito

Peito de remador

É sempre necessário ter em vista

Um crédito de rosas no florista

Muito mais, muito mais que na modista!

Para viver um grande amor

Conta ponto saber fazer coisinhas

Ovos mexidos, camarões, sopinhas

Molhos, filés com fritas, comidinhas

Para depois do amor

E o que há de melhor que ir pra cozinha

E preparar com amor uma galinha

Com uma rica e gostosa farofinha

Para o seu grande amor?



Para viver um grande amor, é muito

Muito importante viver sempre junto

E até ser, se possível, um só defunto

Pra não morrer de dor

É preciso um cuidado permanente

Não só com o corpo, mas também com a mente

Pois qualquer "baixo" seu a amada sente

E esfria um pouco o amor

Há que ser bem cortês sem cortesia

Doce e conciliador sem covardia

Saber ganhar dinheiro com poesia

Não ser um ganhador

Mas tudo isso não adianta nada

Se nesta selva escura e desvairada

Não se souber achar a grande amada

Para viver um grande amor!



Vinicius de Moraes








Veja também trechos do filme "Um amor para Recordar":

quinta-feira, 13 de março de 2008

TARSILA DO AMARAL

Tarsila participou ativamente da renovação da arte brasileira que se processou na década de 1920. Integrou-se ao movimento modernista e ligou-se com especial interesse à questão da brasilidade. Formou, com Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, com quem se casou em 1924, o chamado Grupo dos Cinco.

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari SP em 1886. Estudou com Pedro Alexandrino, a partir de 1917, e depois com George Fischer Elphons, em São Paulo. Em Paris freqüentou a Académie Julien, sob a orientação de Émile Renard. Entrou em contato com Fernand Léger, cujo estilo a marcou sobremodo, André Lhote e Albert Gleisse, e estruturou sua personalidade artística a partir das influências cubistas. Em 1922 participou em Paris do Salão dos Artistas Franceses.

Retornando ao Brasil em 1924, percorreu as cidades históricas mineiras em companhia do escritor francês Blaise Cendrars. Deslumbrada com a decoração popular das casas dessas cidades, assimilou a tradição barroca brasileira às recém-adquiridas teorias e práticas cubistas e criou uma pintura que foi denominada Pau-Brasil. Essa pintura inspirou um movimento, variante brasileira do cubismo, e influenciou Portinari.

Em 1926 Tarsila expôs na galeria Percier em Paris. Iniciou-se então sua fase antropofágica, de retorno ao primitivo, da qual o exemplo mais notável é o quadro "Abaporu". Presente na I e II Bienais de São Paulo, foi premiada na primeira. Na Bienal de São Paulo de 1963, sala especial foi dedicada à retrospectiva de sua obra. Foram apresentadas suas diversas fases e deu-se destaque ao quadro "Operários" (1933), da fase social, em que as cores são mais sombrias mas a nitidez anterior é conservada. Outra obra do mesmo período é "Segunda classe".

Tarsila esteve ainda representada na mostra Arte Moderna no Brasil (1957), na XXXII Bienal de Veneza (1964) e na mostra Arte da América Latina desde a Independência (1966). Em 1960 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou retrospectiva de sua obra. Entre suas demais telas destacam-se "A negra", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e "São Paulo", na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Tarsila morreu em São Paulo SP em 17 de janeiro de 1973.










segunda-feira, 10 de março de 2008

Arcadismo

O estilo Árcade reagirá contra os excessos do Barroco preconizando a restauração dos ideais clássicos, impregnando linguagem poética de simplicidade e racionalismo.


Características:


  • Simplicidade e equilíbrio ;

  • Bucolismo e pastorolismo ;


  • Valorização do tempo presente ;


  • lncorporação da mitologia .


(SPFW-2008)






Nesta imagem podemos constatar indicios de arcadismo, onde o figurino utilizado pelo modelo o retoma em seu chapéu, que é a representação de uma flor.







O modelo nesta imagem verão-praia,
retoma em sua bermuda as folhas de um coqueiro,
assim como utiliza de vários tons verdes (natureza),
não podemos esquecer que seu colar é feito com sementes,
e possui detalhes que nos lembram as folhas novamente.
Nos dando idéia do" homem em natura".









obs: devemos nos recordar que a volta ao campo está totalmente representada na moda atual onde a reforma de ropas a reestilização de peças antigas principalmente dos anos 60, onde se utilizava muito o estampado, e até mesmo a utilização de sementes e flores secas como adereço está no auge da moda atual. Sendo a moda:"Direto do campo para o seu guarda-roupas."